Queimei a ponta dos dedos,
passei a mão
pelas tuas palavras
e o tapete preencheu-me
a desenho de fumo e outras cores!
Os meus olhos saíram
e correram daqui para fora,
o chão mexe-se com demasiada
insensatez,
se eu pudesse segurava-me
nas tuas mãos.
Dei por mim a calar
um sorriso ridículo, teimava
em assaltar-me, um exército
de concertinas,
um sabor antigo enche-me
de surrealismo.
Sou o estranho que me observa.
Os cães ladram ao fundo da rua.
Acordei a pensar
numa arma e fui lavar
as janelas da sala.
Deste lado posso espreitar-te
nos meus ouvidos.
Agachei a tua imagem e adormeci.
Que sobra afinal para lá do pavor?
Os outros amaram-se na estrada
mas agora já ninguém sabe…
O herói da máscara envelheceu
e existe um aplauso para a nossa ficção.
Está frio agora, mas daqui a nada
a verdade é do avesso.
Sou eu de certeza,
mas também não sou!
Mais um poema maravilhoso, gostei muito. Obrigada pela partilha.