Havia um rascunho de sabor
naquele toque
soprado de quereres.
Um travo adocicado
pode durar um décimo de segundo
e não ser esquecido
se vier depois do fel.
Pensar que podia fingir,
inventar um doce
onde não existisse espaço
a mais para reduzir
e as palavras escritas
fossem mais que rebuçados peitorais.
Um sofrer sem que por algo seja
e deitar as culpas ao coração
e então perder razões
e sorver outros alcances.
Correr em volta da lei
e sonhar
modernices, devedoras da mesma confiança
que se entrega
ao falante que vende pregões
com a mesma falácia
do homem que fazia chover.
Um sabor inventado…
Ainda assim
anunciado a coberto de uma imagem
E mais de dedos nus,
para provar da lama
confundida no tacho ao lume.
Um sorteio que se aceita
como o castigo
que se vê os outros terem
Um prémio que pode ser aceite
ao despir um pedaço de caramelo
e envolvê-lo com a mesma língua
que denunciará
o sabor que não se repete.