FRÁGIL IDADES

Luis Garcia/ Novembro 19, 2012/ Poesia/ 2 comments

Devia ser possível
legendar os olhos dos outros.
Uma identificação que fizesse sentido
a amarrar a coerência.
Como se pudéssemos,
por meio de uma língua qualquer,
sensível o suficiente para tocar o silêncio,
informar o vazio
de quem vê o outro lado das palavras.

Uma quase imagem animalesca,
dos que não encontram
inteligência no seu corpo
e talvez pudéssemos ignorar
as palavras dos outros.
Outra vez os outros…
Em boa verdade
só nos resta
defender a nossa própria quietude
e fazê-la em pedaços
de insensatez e saudade.

Fizeram-se as guerras.
Como uma herança
podem voltar a utilizar-se,
quase um vestido
que se usou numa outra geração.
Por aqui,
as pessoas encontram-se
e olham-se,
enganam-se porque sim
e desenganam-se
porque se esqueceram
de como era antes.

Perto de tudo é sempre escuro,
à noite somos todos frágeis.
Olhamos… Demorámos
o tempo
em mãos alheias
e lemos bem,
o suor da voz é como nós,
tantos erros, uma multidão
de enganos que se podem apertar.
É como fingir os lábios de movimentos…

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2 Comments

  1. “Mais do que pensar… é necessário dize-lo”, sinto-me muito grato pelo previlégio de receber os seus “Iluminados_poemas”… Muito obrigado.

  2. Só agora descobri este cantinho e pelo que li é magnifico. Parabéns stor.

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